segunda-feira, 4 de maio de 2015

Universidade: A luta de um aluno cotista

Aluno da Faculdade Sete de Setembro, fala de sua entrada no meio acadêmico e um pouco sobre políticas de cota


Todos os anos milhares de estudantes enfrentam uma prova seletiva para ingressarem na universidade. Embora muitos tentem, poucos conseguem. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é um dos principais meios para o aluno conseguir entrar nas universidades. Para passar no exame, muitos alunos recorrem ao cursinho de pré-vestibular.

Com todas essas dificuldades para ingressar nas universidades, um tema chama a atenção ao longo dos anos. Sendo bastante polêmico e gerador de muitos embates, a chamada política de cotas raciais, é um recurso para o estudante afrodescendente.

A política de cotas raciais entrou em vigor no Brasil a partir dos anos 2000, quando universidades e órgãos públicos começaram a adotar tal medida em vestibulares e concursos. A Universidade de Brasília (UnB) foi a primeira a adotar o sistema de cotas raciais, em julho de 2004. Desde então, o número de universidades que optaram pelos sistemas só aumentaram.

Em entrevista, falamos com o estudante de jornalismo da Fa7, Jackson Pereira, 34. Pai de dois filhos. O cotista  resolveu tentar realizar o seu grande sonho, ser jornalista, na época com 30 anos, idade em que muitos já estão terminando mestrados ou doutorado, o estudante fez a inscrição para o ENEM e conseguiu usufruir de uma bolsa de estudos integral na Faculdade 7 de Setembro (Fa7). O benefício foi concedido por meio do sistema de cotas do Programa Universidade Para Todos (Prouni).

1- A política de cotas adotada há alguns anos pelo Governo Federal demonstra, de alguma forma, incapacidade dos alunos beneficiados por elas de ingressarem nas universidades?
R-Não acredito nisso. A questão não é de capacidade ou incapacidade, mas sim de oportunidades de chegar ao mesmo objetivo dadas a pessoas com construções de realidades diferentes, é clara e evidente a dívida histórica que o Brasil tem com negros, índios e pobres, além de outras minorias. A inserção da política de cotas vem em busca de equilibrar essas herança maldita da nossa sociedade.

 2- Em uma sociedade que tem como princípio constitucional a igualdade, a política de cotas é correta?
R-Ela se torna correta desde que seja usada como meio reparador de injustiças, não como moeda de troca eleitoral ou algo do gênero. O princípio constitucional de igualdade não é tratar diferentes da mesma forma, mas dar oportunidades semelhantes a cidadãos que tem históricos de vida diferentes, não por opção sua ou de seus familiares, mas por caminhos criados pela atuação política, social e econômica de uma sociedade em seu aspecto macro.

3-  Os alunos que utilizam das cotas sentem vergonha ou algum tipo de preconceito? Você se sente diferente dos seus colegas não cotistas?
R-Não conheço nenhum cotista que tenha vergonha de ser. Mas já presenciei ideias preconceituosas sobre os cotistas, seriam pessoas menos capacitadas. Em parte, se levarmos em consideração o potencial máximo de uma pessoa isso é verdade, mas se considerarmos as diferentes situações de vida, o ciclo escolar vivido por esses alunos, veremos que muitos cotistas superam toda expectativa média dos seus colegas de ensino fundamental e médio, seja em termos de conhecimento ou de vontade em aproveitar as oportunidades. Então dentro do seu grupo ele é um destaque, assim como nas grandes escolas existe sempre um grupo que paga caro, mas que não obtém êxito nos estudos. No caso das classes cotistas a proporção era desigual e as cotas vieram pra tentar equilibrar melhor essa disparidade. E me sinto diferente dos meus colegas não cotistas, não por esse fato, mas por saber que tenho uma grande responsabilidade sobre meus ombros, por meio da qualidade dos meus estudos e trabalho, mostrar que nós, cotistas, estamos conquistando espaço porque temos capacidade para isso.

4- De alguma forma as cotas diminuem a necessidade de esforço e trabalho do estudante para ingressar nas universidades?
R-De forma alguma, quando entrei na Fa7, como cotista, minha nota no Enem foi equivalente a 705 pontos. Uma nota que conseguiria, na época, vaga em alguns cursos bem mais concorridos, nas simulações que o Programa Universidade Para Todos (Prouni) fornece a nota seria suficiente, por exemplo, para cursar medicina em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Então não foi fácil conquistar esse espaço, e o esforço foi tão grande, ou talvez maior, do que um aluno não cotista.

Jackson Pererira fala um pouco mais sobre a entrada do estudante nas faculdades.





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