Aluno da Faculdade Sete de Setembro, fala de sua entrada no meio acadêmico e um pouco sobre políticas de cota
Todos os anos milhares de estudantes enfrentam uma prova
seletiva para ingressarem na universidade. Embora muitos tentem, poucos
conseguem. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem),
é um dos principais meios para o aluno conseguir entrar nas universidades. Para
passar no exame, muitos alunos recorrem ao cursinho de pré-vestibular.
Com todas essas dificuldades para ingressar nas universidades, um tema chama a atenção ao longo dos anos. Sendo bastante polêmico e gerador de muitos embates, a chamada política de cotas raciais, é um recurso para o estudante afrodescendente.
A política de cotas raciais entrou em vigor no Brasil a
partir dos anos 2000, quando universidades e órgãos públicos começaram a adotar
tal medida em vestibulares e concursos. A Universidade de Brasília (UnB) foi a
primeira a adotar o sistema de cotas raciais, em julho de 2004. Desde então, o
número de universidades que optaram pelos sistemas só aumentaram.

1- A política de
cotas adotada há alguns anos pelo Governo Federal demonstra, de alguma forma,
incapacidade dos alunos beneficiados por elas de ingressarem nas universidades?
R-Não acredito nisso.
A questão não é de capacidade ou incapacidade, mas sim de oportunidades de
chegar ao mesmo objetivo dadas a pessoas com construções de realidades
diferentes, é clara e evidente a dívida histórica que o Brasil tem com negros,
índios e pobres, além de outras minorias. A inserção da política de cotas vem
em busca de equilibrar essas herança maldita da nossa sociedade.
2- Em uma
sociedade que tem como princípio constitucional a igualdade, a política de
cotas é correta?
R-Ela se torna correta
desde que seja usada como meio reparador de injustiças, não como moeda de troca
eleitoral ou algo do gênero. O princípio constitucional de igualdade não é
tratar diferentes da mesma forma, mas dar oportunidades semelhantes a cidadãos
que tem históricos de vida diferentes, não por opção sua ou de seus familiares,
mas por caminhos criados pela atuação política, social e econômica de uma
sociedade em seu aspecto macro.
3- Os alunos que
utilizam das cotas sentem vergonha ou algum tipo de preconceito? Você se sente
diferente dos seus colegas não cotistas?
R-Não conheço nenhum
cotista que tenha vergonha de ser. Mas já presenciei ideias preconceituosas
sobre os cotistas, seriam pessoas menos capacitadas. Em parte, se levarmos em
consideração o potencial máximo de uma pessoa isso é verdade, mas se
considerarmos as diferentes situações de vida, o ciclo escolar vivido por esses
alunos, veremos que muitos cotistas superam toda expectativa média dos seus
colegas de ensino fundamental e médio, seja em termos de conhecimento ou de
vontade em aproveitar as oportunidades. Então dentro do seu grupo ele é um
destaque, assim como nas grandes escolas existe sempre um grupo que paga caro,
mas que não obtém êxito nos estudos. No caso das classes cotistas a proporção
era desigual e as cotas vieram pra tentar equilibrar melhor essa disparidade. E
me sinto diferente dos meus colegas não cotistas, não por esse fato, mas por
saber que tenho uma grande responsabilidade sobre meus ombros, por meio da
qualidade dos meus estudos e trabalho, mostrar que nós, cotistas, estamos
conquistando espaço porque temos capacidade para isso.
4- De alguma
forma as cotas diminuem a necessidade de esforço e trabalho do estudante para
ingressar nas universidades?
R-De forma alguma,
quando entrei na Fa7, como cotista, minha nota no Enem foi equivalente a 705
pontos. Uma nota que conseguiria, na época, vaga em alguns cursos bem mais
concorridos, nas simulações que o Programa Universidade Para Todos (Prouni)
fornece a nota seria suficiente, por exemplo, para cursar medicina em Mossoró,
no Rio Grande do Norte. Então não foi fácil conquistar esse espaço, e o esforço
foi tão grande, ou talvez maior, do que um aluno não cotista.
Jackson Pererira fala um pouco mais sobre a entrada do
estudante nas faculdades.
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