quarta-feira, 16 de novembro de 2011

É preciso radicalizar

Até pouco tempo atrás era muito difícil imaginar um espaço onde as pessoas poderiam produzir seus materiais e publicar sem nenhum tipo de repressão ou obstrução. Com a chegada da internet, surge a possibilidade de se comunicar com pessoas do mundo inteiro com os mais diversos pontos de vista sobre as informações. É possível ter acesso ao conhecimento, como nunca antes foi visto em outros meios. A distribuição se torna mais forte e abrangente.

As potencialidades que este meio nos oferece são grandes, mas é preciso muito mais do que o espaço para que a internet tenha um caráter radical a ponto de contrapor o Status Quo tão defendido em outros meios, como TV e rádio.

Os desafios começam no formato de produção para um meio que comporta várias mídias no mesmo meio. E na convergência das produções para o mundo digital. É necessário avaliar de que forma a produção será feita e como será divulgada para conseguir fazer a informação chegar a um grande numero de pessoas.

A disputa pela atenção dos usuários, que até então ainda possui um numero muito inferior aos atingidos pela TV e Rádio, é grande, pois o numero de produtores de informação é muito grande, e as grandes empresas de comunicação fazem uma concorrência desleal, por ter canais de divulgação mais abrangentes que os produtores usuários da rede.

Outro grande problema apontado neste espaço é como o mercado consegue se apropriar e torná-lo comercial. As propostas e o incentivo a um pensamento e participação do que mantenha o Status Quo são cada vez mais fortes e acabam escondendo as potencialidades de radicalizar a internet no sentido de fortalecer a democratização da comunicação. E este mercado se fortalece ao ponto de entrar nas faculdades e orientar os estudos e produções universitárias para atender a este interesse mercadológico.

Além da força do mercado, é visto outras formas de controlar as informações. Seja pela construção do descrédito das informações ou pelas vias legislativas(produzindo leis de controle de informação) ou de privatização da rede.

Porém em meio a tantas formas de inibição de uma internet radical, alguns exemplos mostram que existem formas de furar o bloqueio. São diversas as redes independentes existentes na rede, com produções coletivas e participação de grupos que se interessam pelos temas abordados.

O Institute For Global Comunications – ICG, conseguiu agrupar um grande número de redes independentes e trabalhar de forma mais livre a paz, os direitos humanos e a justiça social, sem que o mercado viesse a interferir de acordo com seu interesse. Forneceu e possibilitou o compartilhamento de informações entre as ONG´s e grupos participantes. Depois de muitos ataques, dificuldades economicas e mudanças internas, o ICG não consegue manter a proposta inicial, porém mostrou a potencialidade no sentido de produção e armazenamento de informações para as redes independentes.

Em 1994 os Zapatistas também mostraram como é possível, por meio da internet ter uma boa participação dos usuários, e um alcance internacional da informação. Ao questionar a legitimidade do governo conseguiu contemplar muitos grupos exclusos como as mulheres, negros, índios e homoafetivos que até então não se sentia representado nem no governo, nem nos grandes meios de comunicação.

Desta forma participaram da divulgação e discussão dos temas abordados pelo movimento zapatista promovendo uma força tão grande, que conseguiu inserir suas propostas nas mídias tradicionais, ultrapassando os “muros” da internet.

E você usa a rede de que forma?

Leandro Porto

Aurineide Barbosa

Nenhum comentário:

Postar um comentário