Se viajamos ao Brasil
dos séculos XVII e XVII achamos uma das manifestações culturais mais
importantes da historia do país. O Maracatu de Baque virado ou Maracatu Nação
nasceu da mistura de culturas
ameríndias, africanas e europeias na região do atual Estado de Pernambuco. A
maioria dos historiadores considera que ele surgiu a partir das coroações do
Rei do Congo, nelas surgiam os eleitos como rainhas e reis do Congo lideranças
políticas intermediárias entre o poder colonial e a população. Estas
organizações sociais realizavam rituais dando origem ao Maracatu do Baque
Virado.
Segundo os pesquisadores do assunto, a palavra maracatu originou-se de uma senha combinada para anunciar
o toque dos tambores, emitindo o som “maracatu/ maracatu/ maracatu” para alertar a chegada
de policias que vinham a reprimir a manifestação. Marcello Santos, consultor e
educador percussivo e autor da iniciativa Caravana Cultura lembra como ele também utilizava a palavra para advertir da chegada da policia.
Os maracatus de Recife sofrerem
um período de decadência durante quase todo o século XX. Na década de 30
produziu-se sua normatização saindo às ruas do carnaval recifense, mas ainda
assim não possuíam nenhuma visibilidade. Seu renascimento ocorreu na década de
1990, a ação do Movimento Negro Unificado junto a Nação Leão Coroado, o
movimento Mangue Beat e o grupo Nação Pernambuco contribuíram para a prática conquistar a notoriedade que tinha perdido.
Com a nova força
adquirida a miscigenação musical das culturas portuguesa, indígena e africana
que conforma o maracatu, saiu da cidade exponente que foi Recife. A expansão do
movimento criou grupos que acabaram levando a arte do maracatu de Baque Virado a todas as capitais do país e diversas
cidades do mundo. O impulso produzido pelos diversos movimentos converte hoje
a tradição no centro das atenções no carnaval.
A enorme quantidade de
grupos de maracatu que tem surgido recentemente centram sua atenção na parte
percussiva da manifestação, sendo a minoria os que possuem uma encenação de
corte real ou um corpo de dança. Esses novos grupos percussivos não possuem a
maioria das vezes vínculos comunitários ou religiosos.
A religiosidade é sem
dúvida um dos marcos indenitários que definem este arte. O maracatu agrega
fortes elementos místicos que fazem lembrar o candomblé. Esta religiosidade produziu-se
através dos vínculos que essas nações têm com os terreiros do xangô (nome da
religião de culto aos orixás em Pernambuco) ou jurema (religião que cultua
mestres, caboclos, exus e pombagiras).
O caráter religioso também
observa-se no cortejo real. Os personagens que compõem o cortejo são a baliza,
seguidos pelos índios, negras e baianas, negra da calunga, negra do
incenso, balaieiro, pretos velhos, vassalo, batuqueiros e macumbeiro além do rei, rainha e figuras da nobreza.. Assim todos eles vão acompanhados
por os sons de instrumentos como alfaias, caixas e taróis, gonguê, mineiros,
agbes que criam uma alfombra de percussão para o desfile capaz de transportar a
quem é testemunha no tempo.
Na percussão
existem algumas diferencias, como
nos “baques de parada” e no “martelo” , que são muito diversos dos “baques de luanda e de marcaçâo” ainda assim
o nascimento e a mistura de novos ritmos.
No estado do Ceara a
primeira agremiação do culto folguedo apareceu no 1937, mas no livro Coração de Menino, Gustavo Barro narra
fatos que remetem ao ano de 1898: “filas de negros cobertos de cocares escuros,
cantando soturnamente ao som dos toques”. Mais de um século depois, o 25 de
março o estado celebra o dia dos maracatus. Marcello Santos participou da festividade em Fortaleza.
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