Um projeto cuja ideia inicial era promover o incentivo à leitura para crianças, se transformou num curso pré-vestibular voltado para os jovens do bairro Conjunto Esperança. O trabalho chamado de Projeto Vemser é encabeçado pelo Grupo Aprendizes de Papel, formado por moradores do bairro que desenvolvem as atividades voluntariamente.
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Aulas acontecem em espaço cedido pela escola Irapuan Pinheiro |
Tudo começou em 2005, e hoje, nove anos depois, o grupo já contabiliza 1000 alunos que frequentaram o cursinho e pelo menos 300 aprovações, na Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Estadual do Ceará (Uece) e em faculdade particulares através do Programa Universidade Para Todos (Prouni).
Os primeiros anos foram os mais difíceis. O grupo dependia das taxas de inscrição no valor de R$ 5 para manter o projeto funcionando. O dinheiro arrecadado era insuficiente e até 2012, o bolso dos voluntários foi o principal financiador. Um dos coordenadores do projeto desde sua gestação, Wellington Franco conta a motivação para levar o trabalho adiante. “Me sinto motivado quando vejo jovens sem perspectiva enxergarem que é possível estabelecer metas e cumpri-las. As aprovações são uma consequência”, relata.
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Wellington Franco acha importante dar perspectivas aos jovens |
Os resultados aparecem. Em 2013, foram seis aprovações na Uece. Duas delas no curso de Letras, duas em matemática, uma em Geografia e outra no curso de Administração. Na UFC foram três alunos aprovados. Dois em matemática e um em Engenharia de Teleinformática. Ainda houve outros alunos aprovados no Prouni e no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
Apesar dos resultados expressivos, o grupo ainda carece de apoio e sofre com a falta de estrutura adequada. As aulas ocorrem somente nas tardes de sábado e manhãs de domingo por duas razões. A primeira é que o cursinho ocupa uma sala de aula da Escola Estadual Irapuan Cavalcante Pinheiro. O uso durante dias úteis é impossibilitado pelo funcionamento da escola. O outro motivo é que todos os professores são voluntários. Alguns lecionam em escolas do bairro (públicas e particulares), e precisam usar os dias de folga para lecionar no cursinho.
Em 2012, o Aprendizes de Papel foi escolhido para participar do Pré-Vestibular de Fortaleza (Por For). Eles montaram um cursinho semelhante ao Projeto Vemser no Cuca da Barra do Ceará. Com o dinheiro pago pela Prefeitura de Fortaleza pelas horas-aula, conseguiram equipar o Projeto Vemser. Adquiriram data show, impressora e computadores. O que sobrou banca as despesas operacionais da iniciativa. Até hoje, esse foi o único auxílio recebido.
Apesar das dificuldades, o trabalho se consolidou e virou referência no bairro. Em média, 80 alunos se inscrevem todos os anos. Brena Freitas, 16 anos, é uma das alunas da turma de 2014 e não tem queixas. “É raro faltar um professor”, exemplifica. Há casos de ex-alunos que ao terminarem o curso voltam para ajudar de alguma forma. Dayane Maciel, 18 anos, ainda não conseguiu passar no vestibular para Educação Física, mas achou que era tempo de retribuir o aprendizado. “Achei que devia ajudar de alguma maneira, nem que seja ajudando a levar os alunos para a sala de aula”, brinca.
Amanda Duarte Lima foi ainda mais longe. A professora da rede estadual de ensino foi aluna do Projeto Vemser e não pensou duas vezes para disponibilizar parte de seu tempo livre ao cursinho. “Eu quero ajudá-los a entrar no ensino superior. Sabemos como é difícil. Mas só em estar aqui num domingo de manhã, vemos o interesse dos meninos”, assinala a professora. “Faço isso por prazer”, complementa.
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Professora Amanda Duarte Lima: "ensino por prazer" |
É muito difícil hoje em dia ver pessoas que estejam dispostas voluntariamente a ajudar as outras, esse projeto é muito interessante porque deu uma nova chance para crianças e jovens que talvez não tivesse expectativa nenhuma de um futuro melhor! É muito legal ver atitudes assim voltadas a ajudar na educação e formação dos jovens. Gostei muito da matéria.
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